Rafael Carlos Alves de Lima

Bolsista de 2016

Darmouth e Universidade Hebraica de Jerusalem
“A primeira semana de curso, foi uma semana que quebrou muitos
estereótipos que eu tinha. Em uma palestra sobre Israel, logo no início do programa, o palestrante gastou boa parte da apresentação enfatizando o como o crescimento econômico de Israel nos últimos 30 anos teve relação direta com o massivo investimento científico no país. Enquanto eu me impressionava com a apresentação, o Sul-Coreano ao meu lado concordava e dizia o quão similar era com a história de seu país. Cada dia no Weizmann é uma surpresa nova – além da infra-estrutura de cair o queixo e das complexas pesquisas desenvolvidas no departamento onde estou, a mentalidade das pessoas aqui sobre a importância da ciência é o que me deixou mais animado para acordar cedo todos os dias e ir para o laboratório.

Por três semanas, trabalhei no projeto de pesquisa de PhD de dois
pesquisadores do Weizmann. O projeto consistia em construir novos
microscópios eletrônicos de alta precisão para computação quântica. Para
poder começar a pesquisa, eu precisava antes entender um pouco mais de
física moderna e computação quântica, matérias complexas que muitas
vezes são estudadas só após a graduação, por isso o programa de verão
começou bem antes de eu viajar para Israel, com leitura de vários artigos
e vídeo-aulas.
Dentro do projeto de reconstrução do microscópio, eu e o meu
colega de laboratório construímos um aparelho que, de uma maneira
simplificada, é capaz de receber, analisar e mandar correntes elétricas do
e para o microscópio. Felizmente, conseguimos construir o aparelho que
se mostrou bastante efetivo pelos testes e que será usado na tese de
doutorado dos meus mentores. Além disso, escrevi um artigo científico
sobre o meu projeto e que eu tenho muito orgulho de ter escrito. Esse
tempo aqui tem sido muito transformador e aqui eu estou aprendendo
ainda mais sobre o processo de fazer ciência, desde entender conceitos
teóricos e fazer pesquisa, até a elaboração de um artigo científico que
segue as normas mundiais necessárias.”
Também viajamos pelo deserto de Negav. Ele representa 60% do
estado de Israel, e já que o país já é pequeno, há um grande interesse
nessa região. Por três dias ficamos hospedados na Universidade Ben
Gurion, que estuda apenas o deserto e temas relacionados a ele, como a
agricultura e florestas que Israel se orgulha de ter construído a partir do
zero.

Em uma aula sobre agricultura no deserto, um aluno perguntou com
entusiasmo em quanto tempo o professor achava que demoraria para todo
o deserto sumir e ser populado, uma vez que com toda essa tecnologia
direcionada para região, tal feito talvez fosse possível. Porém, o professor
surpreendeu a todos nós dizendo que não há um interesse em cobrir o
deserto com árvores em plantações, porque as pessoas acham que desertos
são regiões mortas e sem utilidade, principalmente porque não costumam
ser habitados por homens. Os desertos, portanto, têm sua própria fauna e
flora e são assim apenas um ambiente único e cheio de vida. Foi uma
grande oportunidade de refletir sobre o avanço da ciência sem ultrapassar
os limites da natureza.

O interesse pela ciência:

“A minha mãe me ensinou, desde muito cedo, que eu deveria
valorizar a educação que eu recebia, mesmo estudando em escola
pública. As minhas áreas preferidas eram as de ciências naturais e
sempre era indicado para participar da Olimpíada Brasileira de
Matemática das Escolas públicas. Por causa desse meu interesse por
ciências eu fui indicado por professores para o processo seletivo do
Ismart e, sendo aprovado, ganhei uma bolsa para fazer o ensino
médio no Colégio Marista Arquidiocesano de SP, na Vila Mariana.
Esse colégio centenário possui uma infraestrutura muito superior à
escola que eu havia estudado no Ensino Fundamental. Com muitos
laboratórios, equipamentos de primeira linha e professores
engajados a me apoiar em pesquisa, eu iniciei as minhas pesquisas e
ao longo do primeiro ano eu descobri que entre as ciências, a que
eu mais gostava era física. O meu professor orientador, Henrique
Veiga, professor de física e laboratório de colégio, também me
incentivava a participar de olimpíadas de Física, Matemática,
Astronomia e de Foguetes (em que ganhei algumas medalhas e
inclusive viajei para o Rio de Janeiro para participar da Olimpíada
Brasileira de Foguetes MOBFOG e conheci o astronauta brasileiro
Marcos Pontes). Cada atividade que eu participava me deixava cada
vez mais engajado e interessado por ciências e ano passado eu
participei de um programa de liderança para alunos do ensino
médio com alto potencial na universidade de Yale nos EUA no qual
fiz, dentre outras áreas, aulas sobre aquecimento global e a
importância do uso de fontes renováveis de energia.”