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Prof. Ilan Koren cientista do Instituto Weizmann no Brasil

Crédito da foto: Weizmann Institute of Science

O cientista estuda as mudanças climáticas

Prof. Ilan Koren do Departamento das Ciências da Terra e Planetárias do Instituto Weizmann de Ciências, está em São Paulo até dia 4 de agosto, convidado pela Escola São Paulo de Ciência Avançada (SPAS) na Universidade de São Paulo (USP). O curso patrocinado pela FAPESP, tem o objetivo de reunir os cientistas jovens com os pesquisadores referentes na sua área no mundo todo.

Sobre o curso.

Nascido em Tel Aviv, o Prof. Korem fez graduação, mestrado e doutorado no departamento de Geofísica e Ciências Planetárias da Universidade de Tel Aviv e passou três anos fazendo pesquisa pós doutoral no Centro de Pesquisa em Clima e Radiação do Centro Goddard da NASA. As grandes perguntas que ele faz são: Estamos enfrentando mudanças climáticas? Se a resposta é sim, o quanto é devido a atividade humana? Como iso afeta o ciclo da água?

O Prof Koren é um apaixonado pelas nuvens. Observa elas por cima e por baixo, segue a sua evolução no tempo e no espaço a procura de entender as complexidades da física da chuva. E é assim que o time do Prof. Korem pesquisa os mecanismos de evolução das chuvas e as nuvens, e como são afetadas por as mudanças climáticas devido as atividades humanas.

Esta no WIS desde 2005 e hoje lidera uma pesquisa que recebeu €14 milhões do Conselho de Pesquisa Europeio (European Research Council (ERC) em conjunto com outros dois cientistas de Israel (Technion), e da Alemanha. O enfoque, chamado Tomografia de nuvens, usa algoritmos inspirados na TC dos médicos, mas para reunir as imagens das estruturas externas e internas das nuvens em 3D, assim como a concentração de gotas de água no interior. A missão científica espacial CloudCT coordena uma frota de 10 pequenos minissatélites do tamanho de uma caixa de sapatos que alcançarão pequenos campos das nuvens, que ficam perdidas nas tecnologias de sensoriamento remoto, assim se espera resolver alguns dos problemas da previsão do tempo.

Saiba mais:
Breaking through the clouds

Koren

Depoimento da bolsista Natalia Von Staa Mansur sobre os primeiros dias da Escola de Verão do Weizmann 2019

Natalia no Weizmann: o que ela tem para contar?

Na última semana do programa de verão do ISSI eu estou triste. Triste porque está acabando. Este programa simplesmente extrapolou totalmente as minhas expectativas.

Lembro que estava nervosa no início, apesar de muito animada. Será que vou fazer amizades? Será que vou estar no nível necessário para a minha pesquisa? Vou sobreviver no deserto???

No segundo que eu pisei no centro de convivência e conheci os meus colegas, os meus medos evaporaram. Conheci pessoas incríveis, que apesar que incrivelmente inteligentes, são humildes e um amor de pessoa. Tenho maravilhosas memórias e contatos para trazer para casa agora.

Me surpreendi com o conforto que tive ao trabalhar no nosso projeto. As minhas colegas são maravilhosas, e o mentor é extremamente compreensível e paciente. Gostei também de toda a convivência que tínhamos com pesquisadores de outros laboratórios, e como todo o aparato laboratorial do departamento é compartilhado, e não nos isolamos nas nossas salinhas com suas máquinas. Sem contar que é de cair o queixo a qualidade das máquinas presentes neste instituto. Sensores de concentração de RNA, detectores extremamente precisos de massa de proteínas, e muitos outros.

Como se não bastasse, foram organizadas viagens maravilhosas para conhecermos a região. Visitamos Jerusalém e o Jardim de Haifa, discutimos preços em um tradicional mercado árabe, e para realizar meu sonho de princesa de 1001 noites, exploramos o deserto!!! Nadamos em oásis, andamos de camelo e vimos as estrelas mais nítidas do que qualquer cidadã paulista jamais poderia sonhar.

Sou extremamente grata por toda esta experiência e agradeço muito a todos que permitiram que ela se realizasse! 🙂

Depoimento da bolsista Constanza Maria Reis da Silva Mariano sobre os primeiros dias da Escola de Verão do Weizmann 2019

Constanza no Weizmann: o que ela tem para contar?

Não sei se consigo resumir a enormidade de coisas que aprendi nessas 3 semanas. Conheci muita gente nova, aprendi palavras em línguas diferentes, estudei assuntos complexos e fui para lugares que nunca imaginei que poderia conhecer tão cedo.

Trabalhei bastante na pesquisa e obtive um contato incrível com os meus mentores e parceiros de laboratório. No primeiro dia que nos encontramos eles disseram “não somos seus professores, mas seus colegas de trabalho”.

Desde então, fomos chamados para tomar café junto com eles todas as manhãs e conversávamos sobre o futuro, nossa cultura e filmes.

Além disso, consegui até mesmo visitar laboratórios que são fora da minha linha de pesquisa aqui no programa, mas que são de meu interesse aqui fora.

No primeiro dia a coordenadora disse que a política do Weizmann é de ter a porta de seus laboratórios aberta!

Depois disso, enviei um email para a pesquisadora do departamento o qual eu estava interessada e fiquei feliz de ter sido tão bem recebida por ela. Nós conversamos, tomamos café juntas e pude ver o que exatamente ela fazia para combinar robótica com o estudo de doenças relativas ao sistema motor humano.

O Weizmann tem me ensinado algo muito valioso: que a ciência é sobre ter chances. Nós, cientistas, queremos uma chance de poder mostrar nossa paixão e curiosidade mundo a fora. Queremos poder satisfazer aquela vontade de descoberta e aprendizado. É incrível poder dizer isso, pois tenho me sentido assim todos os dias desde que cheguei aqui.

Essas semanas têm sido tão cheias de surpresas que eu não sei se vocês acreditariam se eu dissesse que, após acordar antes do Sol nascer, estou tomando café da manhã no alto de uma montanha. Na minha frente consigo ver a Jordânia e ao meu lado, tanto o sul da Arábia e quanto o Egito. Além de estar cercada por pessoas incríveis, animadas e unidas por uma coisa: a ciências e a sorte de estar aqui.

Bactérias intestinais podem alterar o curso da Esclerose Lateral Amiotrófica

  Bactérias intestinais podem alterar o curso da Esclerose Lateral Amiotrófica

Pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências demostraram em camundongos, que os micróbios intestinais podem alterar o curso da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). O trabalho publicado na revista Nature mostra que o avanço da doença era mais lento quando o animal recebia determinadas cepas de micróbios ou substâncias que são produzidas por eles.

Resultados preliminares sugerem que este conhecimento pode ser aplicado em pacientes. “Nosso objetivo científico e médico a longo prazo é elucidar o impacto do microbioma na saúde e na doença, sendo o cérebro uma nova fronteira fascinante” disse o Prof. Eran Elinav do departamento de Imunologia. Seu time fez o estudo junto a equipe do Prof. Eran Segal do Departamento de Ciências da Computação e Matemáticas aplicadas.

Saiba mais: Gut Microbes May Affect the Course of ALS

 

Depoimento do bolsista Leonardo Azzi sobre os primeiros dias da Escola de Verão do Weizmann 2019

Leonardo no Weizmann: o que ele tem para contar?

Já faz duas semanas que estou participando da ISSI 2019, a Escola de Verão do Instituto Weizmann, onde quase 80 estudantes recém formados no ensino médio participam em uma imersão em um dos melhores institutos de pesquisa básica do mundo, localizado na cidade de Rehovot em Israel, em pleno Oriente Médio. Para mim ainda é difícil acreditar. Todos os dias preciso me beliscar para cair a ficha de onde estou. O Instituto tem uma das melhores infraestruturas tanto para pesquisa quanto para a qualidade de vida de seus pesquisadores, fazendo deste um lugar único para se estar no mundo. Contudo, dentre todas as qualidades, o que me fez de fato amar este lugar é a política de trabalhar com a integração de conhecimentos e abrir as portas para todo o tipo de interdisciplinaridade.

Isto me fascina, pois minha forma favorita de pensar ciência é integrar múltiplas áreas de conhecimento a fim de criar muitas coisas interessantes, solucionar problemas e aprender como lidar com a diversidade humana e ambiental do nosso infinito universo. Temos bolsistas do programa estão estudando desde Física Quântica, construindo dispositivos, até trabalhando com animais, bactérias e vírus em laboratório. E eu, por exemplo, sou um postulante à estudante de Engenharia de Computação, que trabalha com desenvolvimento de software e já passou pela área da Engenharia Biomédica, agora trabalhando com pesquisa básica em Bioquímica e Biologia molecular.

Acha estranho? Na verdade esta foi a melhor coisa que poderia me ter acontecido! De forma alguma gostaria de ter ficado em minha zona de conforto ao vir para um Instituto tão rico como este, pois aqui estou tendo oportunidade de conhecer uma área complexa e belíssima, que muitas vezes não são tão interessantes na nossa escola tradicional, mas aqui tenho meu olhar sobre o assunto completamente mudado através de uma imersão em seu caráter técnico-científico da vida real, explorando quais são os problemas da área, como desenvolver sua metodologia e qual a relevância da pesquisa básica para um mundo tão fundado em pesquisas em engenharia e tecnologia.

E isto é 1% da experiência única que a ISSI proporciona. Nos divertimos, nos emocionamos, aprendemos com os outros, compartilhamos vivências, mas, principalmente, estabelecemos laços. Laços entre as diversas áreas do conhecimento, entre diferentes países, entre diferentes crenças, entre diferentes etnias, entre diferentes condições educacionais ou socioeconômicas, e entre diferentes formas de pensar.
Não pude deixar de me emocionar a caminho do laboratório em que trabalho.

Na minha ainda breve e jovem história, tentei trabalhar duro para tentar fazer o ambiente científico um refúgio pessoal onde a energia que todos os nossos problemas sociais nos rouba todos os dias possa ser dedicada em ciência e pensamento crítico, onde muitas vezes fracassei, e várias vezes me frustrei, pois vivemos um período onde para muitos a ciência ainda é um grande muro. Nosso papel como cientistas, além de fazer pesquisa de excelência, acredito que é destruir estas barreiras e construir novos vínculos com a
população, para que mais pessoas consigam enxergar que a ciência na verdade sempre esteve presente de forma fundamental em todos os dias da nossa vida e que ela pode e deve ser acessível a qualquer um. Apenas a educação, a ciência e a tecnologia, com uma pitada de pensamento crítico e curiosidade, são capazes de transformar o nosso mundo. Entendendo que todo conhecimento, do básico ao aplicado, do engenheiro ou do biólogo, do Brasil ou de Israel, é sim importante – isto é aprender que nossa diversidade como espécie e como sociedade integrada por múltiplas inteligências é essencial.

Assim, dentre tudo o que vivemos, penso que ter a oportunidade de estar na ISSI nos proporciona aprendermos a deixarmos de construirmos muros, para assim começarmos a construir pontes.

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O Instituto Weizmann entre os Top 3 no Nature Index normalizado

O Instituto Weizmann entre os Top 3 no Nature Index normalizado

“O tamanho não é tudo”, proclama um comunicado de imprensa da revista
Nature esta semana. Um novo ranking normalizado do Nature Index 2019
acrescentou uma nova perspectiva para as contribuições relativas de cada
Instituto e classificou ao Instituto Weizmann de Ciências entre os três primeiros
no mundo.

Enquanto o ranking padrão manteve poucas surpresas, o ranking normalizado
revelou um “conjunto muito diferente de líderes entre as instituições
acadêmicas.” Este ranking leva em conta o número de artigos de alta qualidade
publicados em uma proporção da produção global de cada Instituto na área das
ciências naturais. Esta normalização – que avalia as contribuições de uma
instituição pelos seus artigos científicos, compara estes aos artigos publicados
em revistas de alta qualidade e à sua produção científica total – permite que
institutos pequenos sejam classificados junto aos grandes. O índice acompanha
as contribuições em artigos de pesquisa publicados em 82 revistas de alta
qualidade em ciências naturais, escolhidas por um grupo independente de
pesquisadores. Essas contribuições são extraídas de alguns dos 60.000 artigos
publicados em periódicos incluídos no índice de Nature e comparados com os de
cerca de 3.880.000 artigos rastreados em um banco de dados digital para
publicação científica.

O ranking normalizado lista o laboratório Cold Spring Harbor nos EUA, o
Instituto de Ciência e Tecnologia da Áustria, e o Instituto Weizmann de Ciências
em Israel como os três primeiros. David Swinbanks, fundador do índice Nature
declarou: a inclusão este ano de um ranking normalizado ao lado das tabelas
anuais padrão do Nature Index é especialmente interessante porque o ranking ilumina alguns institutos menores que estão proporcionalmente superando as
potências de pesquisa e, de outra forma, permaneceriam muito mais abaixo nas
classificações padrão. As menores instituições classificadas nas 10 melhores
posições têm algumas características em comum: ambição, declarando como
missão o esforço por serem a melhor do mundo; a interdisciplinaridade, com
forte colaboração entre os campos de estudo e em vários casos, ter o apoio de
laureados no Prêmio Nobel.

O Nature Index foi publicado em um suplemento especial. Nas tabelas padrão, o
Instituto Weizmann de Ciências também classificou nos Top 100, e número 1 em
Israel.

O Presidente do Instituto, Prof. Daniel Zajfman, acrescenta: “nós sabemos há
muito tempo que o tamanho é irrelevante quando se trata de excelência na
ciência. Para o Instituto Weizmann se esforçar para ser o melhor envolve atrair
os melhores cientistas e deixá-los seguir sua curiosidade. A interdisciplinaridade
e a colaboração entre campos e entre países são simplesmente parte do nosso
DNA, e estamos orgulhosos desse fato. O ranking do Nature Index normalizado
mostra realmente a qualidade da pesquisa superior, e que não é preciso ser
grande para estar na vanguarda da ciência global.”

Leia mais: Small Institute, Outsized Impact

Instituto Weizmann de Ciências nos 25 TOP


Instituto Weizmann de Ciências nos 25 TOP

O Instituto de Ciência Weizmann foi classificado entre os 25 melhores Institutos de pesquisa/universidades do mundo em duas categorias principais: publicações mais citadas e patentes concedidas.

O U-Multirank 2019 nomeou o Instituto Weizmann de Ciências como Global Top 25 Performer em duas áreas. Este ranking, uma iniciativa da Comissão Europeia desde 2014, utiliza todas as informações disponíveis sobre centenas de institutos em todo o mundo e as analisa de acordo com numerosas variáveis para mostrar qual deles lidera em cinco categorias principais.

O ranking destina-se a promover a transparência e a ajudar os alunos a se candidatarem a universidades para estudos e pesquisas.

É notável o fato de que como um Instituto de pesquisa básica, o Instituto Weizmann de Ciências não exige de seus cientistas que qualquer uma de suas pesquisas sejam orientadas para o mercado, mas com a ajuda do braço de transferência de tecnologia (Yeda Research e Development Co, Ltd), tiveram um grande grau de sucesso em patentear as descobertas.

O Prof. Daniel Zajfman, Presidente do Instituto de Ciência Weizmann, disse: "este ranking mostra que a nossa luta pela excelência, a nossa unidade básica para conduzir a investigação baseada na curiosidade e investigar o funcionamento da natureza está valendo a pena. Não só estamos entre os melhores do mundo em nosso impacto científico, mas a nossa abordagem à pesquisa tem obtido resultados impressionantes trazendo os frutos da ciência para beneficiar a humanidade. "

Profa. Michal Neeman, VP do Instituto Weizmann de Ciências, estará em São Paulo na próxima semana

 Profa. Michal Neeman, VP do Instituto Weizmann de Ciências, estará em São Paulo na próxima semana

 

A Profa. Michal Neeman, Vice Presidente do Instituto Weizmann de Ciências, e titular da cadeira Helen and Morris Mauerberger de Ciências Biológica, participará do Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria nos dias 10 e 11 de junho em São Paulo. O evento é organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) que reúne representantes do setor produtivo, do governo e da academia para debater sobre inovação.

A pesquisa da Profa. Neeman no Departamento de Regulação Biológica foca em mecanismos que regulam o processo no qual se formam novos vasos sanguíneos (angiogênese), particularmente no câncer de ovário. Ela demostrou que as mudanças hormonais que acompanham a menopausa promovem de forma indireta o crescimento de tumores dormentes e a dispersão do câncer de ovário por meio de crescimento de vasos que nutrem os tumores. Seu estudo pioneiro visa acompanhar e evitar o crescimento dos vasos, consequentemente aumentando a  sobrevida dos pacientes.

Veja o programa completo do Congresso de inovação

 

Prof. Yosef Yarden, referência mundial em pesquisa do câncer, em São Paulo

Prof. Yosef Yarden

Prof. Yosef Yarden, referência mundial em pesquisa do câncer, em São Paulo

O Prof. Yosef Yarden é Diretor do Instituto Dwek de Pesquisa para Terapia do Câncer do Centro Moross Integrado de Câncer (MICC) e chefe do Departamento de Regulação Biológica do Instituto Weizmann de Ciências. No dia 17 de maio, ele será o palestrante de destaque do Next Frontiers to Cure Cancer, evento organizado pelo A.C. Camargo Cancer Center em São Paulo.

Em sua palestra, o Prof. Yarden traçará o cenário atual das terapias oncológicas com foco no tratamento do câncer de pulmão, e descreverá algumas pesquisas promissoras já realizadas nos modelos animais de câncer de pulmão.

Prof. Yosef Yarden

Conferência Magna: O presente e o futuro no tratamento do câncer

Data: 17 de maio às 12:00

Local: Next frontiers to cure Cancer. WCity São Paulo

Destinado a médicos e outros envolvidos na assistência e pesquisa multidisciplinar.

Inscrições: http://nextfrontiers.com.br/#inscricao

A pesquisa do Prof. Yarden se foca em uma familia de proteínas chamadas de fatores de crescimento, e os receptores na membrana celular que promovem crescimento tumoral. O Prof. Yarden descobriu a função de um amplificador molecular que fortalece os sinais químicos que estimulam as células a se tornem cancerosas. Esta descoberta foi fundamental para novos tratamentos contra o câncer baseados em silenciar este amplificador molecular. Atualmente estão trabalhando em varias áreas, o que poderá mudar o cenário da terapia do câncer no futuro próximo.

Segundo o Prof. Yarden, “na área de câncer, o ritmo da pesquisa e, especialmente, o ritmo de aprovação de novas drogas é verdadeiramente impressionante. Junto com as novas drogas, o que todo mundo que trabalha com câncer espera testemunhar são os grandes avanços (breakthroughs) na detecção precoce. Novas tecnologias, como espectrometria de massa e detecção de fragmentos de DNA no sangue, nos permitirão detectar os tumores muito mais precocemente, em fases em que as células de câncer ainda são vulneráveis, e o câncer pode ser curado. Mas a chave para uma terapia efetiva e relativamente segura é a detecção precoce”.

Nascido em Israel, o Prof. Yosef Yarden é Bacharel em Ciências Biológicas e Geológicas pela Universidade Hebraica de Jerusalém (1980), e doutor em Biologia Molecular pelo Instituto Weizmann de Ciências (1985). Sua formação em pós-doutorado foi realizada na Genentech, Inc., em San Francisco e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Ingressou no Instituto Weizmann de Ciências em 1988 onde foi o primeiro diretor do Instituto de Pesquisa do Câncer MD Moross e reitor da escola Feinberg de pós-graduação. Atualmente é chefe do Departamento de Regulação Biológica e, como professor, ocupa a cadeira Harold e Zelda Goldenberg de Biologia Celular Molecular.

É Diretor do Instituto Dwek de Pesquisa para Terapia do Câncer, onde se aprofunda nos mecanismos moleculares caraterísticos das células cancerígenas e o microambiente par uma compreensão mais profunda do programa da morte instalado em cada célula, e se identificam enfoques biológicos novos e eficientes para enfrentar a resistência da célula tumoral a morte. O objetivo é encontrar drogas e outros tipos de modalidades de tratamento com dano mínimo aos tecidos saudáveis. O instituto faz parte do Centro Moross integrado de Cancer. (MICC), que visa utilizar o poder da pesquisa básica para facilitar a tradução para área clínica em prevenção, diagnóstico e cura do câncer.

O Next Frontiers to Cure Cancer, congresso anual do A.C.Camargo Cancer Center, integra profissionais para trazer os mais recentes avanços da oncologia para o Brasil. Contará com a presença centenas de convidados nacionais e dezenas de convidados internacionais. O tema central do congresso é a Convergência, um novo conceito que agrega o conhecimento científico de diversas áreas e que vem mudando os rumos da medicina e da oncologia numa velocidade exponencial. A palestra do Prof. Yarden é destinada a médicos e outros profissionais envolvidos na assistência e pesquisa multidisciplinar.

Respire fundo antes de responder!

Respire fundo antes de responder!

A função cognitiva estaria associada à inalação. Pacientes que solucionaram problemas enquanto inalavam se saíram melhor nos testes do que as que exalavam na mesma situação.

Um café expresso, uma barrinha de chocolate ou ficar em posição invertida – todos esses recursos foram recomendados antes de se submeter a um teste expressivo. O melhor conselho, entretanto, poderia ser apenas respirar fundo. Conforme a pesquisa conduzida no laboratório do Prof. Noam Sobel, do Departamento de Neurobiologia do Instituto Weizmann de Ciências, as pessoas que inalam quando se veem diante de uma tarefa visual-espacial se saíram melhor do que as que exalavam na mesma situação. Os resultados do estudo, que foram publicados na revista Nature Human Behavior, sugerem que o sistema olfativo pode ter moldado a evolução da função cerebral muito além da função do olfato.

O Dr. Ofer Perl, que liderou a pesquisa como estudante de graduação do laboratório de Sobel, explica que o olfato é o sentido mais antigo: “Até mesmo as plantas e bactérias podem ‘farejar’ as moléculas em seu ambiente e reagir. Mas todos os mamíferos terrestres sentem cheiros inalando o ar pelos canais nasais e repassando os sinais por nervos até o cérebro.”

Algumas teorias sugerem que esse antigo sentido definiu o padrão para o desenvolvimento de outras partes do cérebro. Ou seja, cada sentido adicional evoluiu utilizando o modelo que havia sido estabelecido anteriormente pelos sentidos já existentes. A partir daí, surgiu a ideia de que a inalação, por si só, pode preparar o cérebro para adquirir novas informações – na essência, sincronizando os dois processos.

Na verdade, estudos dos anos 40 e posteriores já haviam descoberto que as áreas do cérebro envolvidas no processamento dos cheiros – consequentemente, da inalação – estão conectadas àquelas que criam novas memórias. Mas o novo estudo começou com a hipótese de que partes do cérebro envolvidas em funções superiores também podem ter evoluído segundo o mesmo modelo básico, mesmo sem apresentar vínculo algum ao sentido do olfato. “Em outros mamíferos, o sentido do olfato, a inalação e o processamento de informações andam lado-a-lado” – disse Sobel. “Nossa hipótese assumia que não apenas o sistema olfativo, mas todo o cérebro se prepara para o processamento de novas informações começando pela inalação. Acreditamos que nosso cérebro seja “farejador”.

Para testar sua hipótese, os pesquisadores projetaram um experimento em que poderiam medir o fluxo de ar passando pelas narinas dos pacientes, ao mesmo tempo apresentando a eles problemas para solucionarem. O experimento incluía problemas matemáticos, problemas de visualização espacial (em que a pessoa tinha de decidir se um desenho de uma figura tridimensional poderia existir na vida real) e testes verbais (em que a pessoa decidia se as palavras que surgiam na tela eram reais ou não). Os pacientes tinham de clicar em um botão – uma vez quando respondiam a uma pergunta e uma vez quando estivessem prontos para a próxima pergunta. Os pesquisadores observaram que, à medida que os pacientes passavam pelos problemas, eles inalavam o ar logo antes de pressionar o botão, a cada pergunta.

O experimento foi projetado para que os pesquisadores tivessem a certeza de que os pacientes não estavam cientes do monitoramento de sua respiração, e eliminaram um cenário em que pressionar o botão era, em si, um motivo para inalar, e não o preparo para a tarefa em questão.

Em seguida, os pesquisadores alteravam o ambiente, oferecendo aos pacientes somente problemas espaciais para resolver, mas metade deles era apresentada no momento em que eles inalavam e a outra metade, quando exalavam. A inalação acabou se revelando significativamente associada aos resultados mais positivos nos problemas do teste. Durante o experimento, os pesquisadores mediram a atividade cerebral elétrica com um EEG, e também constataram a diferença entre a inalação e a exalação, particularmente no que diz respeito à conectividade entre diferentes partes do cérebro. O fato foi verdadeiro durante os períodos de descanso, além do período de solução de problemas, com maior conectividade associada à inalação. Além disto, quanto maior a lacuna entre os dois níveis de conectividade, mais a inalação parecia ajudar o paciente a solucionar os problemas.

“Pode-se deduzir que o cérebro associa a inalação à oxigenação, preparando-se assim para se concentrar melhor nas questões, mas os tempos medidos não correspondem a isto” – disse Sobel. “Tudo acontece em 200 milissegundos – muito antes que o oxigênio possa fluir dos pulmões ao cérebro. Os resultados comprovam que não só o sistema olfativo é sensível à inalação e à exalação, mas o cérebro inteiro também. Acreditamos que poderíamos generalizar e dizer que o cérebro funciona melhor durante a inalação”.

As constatações poderiam ajudar a explicar, entre outras coisas, por que o mundo parece difuso quando nosso nariz está entupido. Sobel indica que a própria palavra “inspiração” significa, além de respiração, também o estímulo ao intelecto e às emoções. E as pessoas que praticam meditação sabem que a respiração é fundamental para controlar as emoções e o pensamento. Entretanto, trata-se de um apoio empírico importante para as intuições, e demonstra que nosso sentido olfativo, de alguma forma, provavelmente forneceu o protótipo para a evolução do restante do cérebro.

Os cientistas acreditam que suas descobertas, entre outras cosias, poderão levar à pesquisa de métodos para ajudar crianças e adultos a se concentrar e controlar distúrbios, aprimorando suas habilidades por meio da respiração nasal controlada.

A pesquisa do Prof. Noam Sobel tem o apoio do Instituto Nacional Azrieli para Geração de Imagens e Pesquisa do Cérebro Humano; do Centro Norman e Helen Asher de Geração de Imagens do Cérebro Humano; do laboratório de Nadia Jaglom para Pesquisa de Neurobiologia do Olfato; da Fundação Adelis; do Fundo Rob e Cheryl McEwen para Pesquisa do Cérebro; e do Conselho Europeu de Pesquisa. O Prof. Sobel é o responsável pela cátedra de Neurobiologia Sara and Michael Sela.