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Cheirando o bebê

  Cheirando o bebê

19.11.2021

Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências descobriu que uma molécula excretada por humanos, e talvez particularmente por bebês, desempenha um papel social importante: regular a agressão em adultos.

O estudo, publicado na revista Science Advances traz evidências de que uma molécula encontrada em abundância na cabeça de recém-nascidos, reduz a agressão nos homens, mas aumenta-a nas mulheres. A HEX (hexadecanal) sem odor perceptível diminui a conectividade em partes do cérebro que regulam a tomada de decisões sociais em mulheres, enquanto nos homens aumenta essa conectividade. Essas diferenças cerebrais podem estar por trás dos diferentes desfechos comportamentais.

A descoberta está entre as primeiras a fornecer uma ligação direta entre o comportamento humano e uma única molécula captada através do olfato. Além disso, a diferença em mulheres e homens lança uma nova e surpreendente luz sobre o papel mediador do sexo na percepção olfativa e seus processos neurológicos resultantes.

Saiba mais: A Sniff of Aggression

 

O concerto improvisado do corpo

  O concerto improvisado do corpo

11.10.2021

Como os ciclos diurnos e noturnos do corpo são orquestrados entre diferentes órgãos, tecidos e células? Nossos relógios biológicos estão sincronizados como uma banda de jazz.

O ritmo circadiano é o que mantém o corpo humano ajustado no ciclo dia-noite. Anteriormente, os cientistas pensavam que havia no cérebro um relógio biológico mestre regendo os de todos os outros órgãos. Porém nos últimos anos, estudos têm mostrado que os relógios de órgãos periféricos nem sempre estão em sintonia com o do cérebro. Um novo estudo do Instituto Weizmann de Ciências, revela que existem “ritmos cruzados” dentro desse grupo, e que os relógios se comportam como uma banda de jazz, na qual diferentes instrumentos tocam em seus próprios ritmos, com alguns sintonizados com o padrão rítmico dominante, outros ignorando-o completamente, e alguns ainda marcando batidas fortemente acentuadas.

A descoberta pode ser relevante para esclarecer as causas de um aumento da incidência de doenças em trabalhadores de turnos noturnos, desvendar os efeitos das dietas que alteram o tempo das refeições, como o jejum intermitente, e até fornecer conhecimento sobre doenças metabólicas.

Saiba mais: The Body’s Daily Jam Session

Prof. Rogério Rosenfeld ganha a Erna and Jakob Michael Visiting Professorship

 Prof. Rogério Rosenfeld, do Instituto de Física Teórica da UNESP  ganhou a Erna and Jakob Michael Visiting Professorship in the Department of Particle Physics and Astrophysics at the Weizmann Institute of Science para o período de Fevereiro a Julho de 2022.

Meu nome é Rogério Rosenfeld e sou paulistano. Durante o colegial tive a influência de bons professores de Física e comecei a ler livros de divulgação sobre o assunto.

Em particular, um livro do físico russo George Gamow sobre a história da Física (Biografia da Física) me deixou entusiasmado para seguir os estudos. Naquela época, havia uma universidade recém-criada, a Unicamp, que estava contratando cientistas do mundo inteiro. César Lattes, um dos maiores físicos brasileiros, montou lá seu laboratório.

Para surpresa de meus pais, decidi que queria estudar Física na Unicamp. Depois de uma pequena resistência inicial, me deram apoio total e fui morar em uma república em Campinas.

Com 17 anos, ainda não sabia bem o que era ser Físico mas rapidamente percebi que queria ser um físico teórico na área de partículas elementares. Estudar os menores constituintes do Universo era meu objetivo. O grupo do Lattes trabalhava com física experimental e dois anos depois decidi voltar para São Paulo, pois no Instituto de Física da USP (IFUSP) havia um grupo na área teórica.

Terminei minha graduação e parti para um mestrado no IFUSP nessa área. Depois do mestrado, obtive uma bolsa da CAPES para fazer meu doutoramento na Universidade de Chicago nos EUA.

O assunto do meu doutorado foi o estudo teórico do bóson de Higgs, que foi descoberto em 2012 no CERN, um grande laboratório internacional na Suíça. Defendi meu doutorado em 1990 e consegui dois estágios de pós-doutoramento, passando 2 anos na Universidade da Califórnia em Los Angeles e 2 anos na Universidade de Northeastern em Boston. Depois de 9 anos nos EUA, voltei ao Brasil em 1994 e fui contratado no Instituto de Física Teórica (IFT) da UNESP, em São Paulo, onde sou professor até hoje.
Trabalho em Física das Partículas Elementares e nos últimos 15 anos tenho também me dedicado à Cosmologia. Cosmologia é o estudo científico da estrutura, composição e evolução do Universo. É fascinante perceber que as menores partículas da Natureza afetam o comportamento de suas maiores estruturas! O microcosmo e o macrocosmo estão intimamente relacionados.

Em 2012 passei um ano sabático no CERN, onde conheci o professor Gilad Perez do
Instituto Weizmann. Na época não trabalhei diretamente com ele mas interagimos
bastante no grupo de teoria do CERN. No início de 2020 participei de um grupo da UNESP que fez uma visita à Universidade de Haifa e aproveitei para conhecer o Instituto Weizmann.

Estava planejando um outro ano sabático para 2021, após meu mandato na presidência da
Sociedade Brasileira de Física. Encorajado por Gilad, me candidatei a uma posição de
professor visitante no Instituto Weizmann. Fiquei muito contente em receber a Erna and Jakob Michael Visiting Professorship no Departamento de Física de Partículas e Astrofísica para o período de Fevereiro a Julho de 2022. Pretendo continuar minhas
pesquisas envolvendo Física de Partículas e Cosmologia, interagindo com o grupo do
professor Perez.

O Weizmann, continua a ser uma das principais instituições de pesquisa do mundo

 O Weizmann, continua a ser uma das principais instituições de pesquisa do mundo

O Instituto Weizmann de Ciências mantém seu status como uma das principais instituições de pesquisa do mundo. Ficou novamente em 8º lugar no mundo pelo desempenho científico (Leiden Ranking) e foi classificado entre os 25 melhores institutos de pesquisa ou universidades do mundo por seu impacto científico (citações) e patentes concedidas pela U-Multirank 2021, uma iniciativa da Comissão Europeia.

O Instituto Weizmann está no topo do Ranking Leiden 2021, juntamente com instituições como Harvard, Stanford, Princeton, Berkeley, Rockefeller, MIT e Caltech. É também uma das duas únicas instituições fora dos Estados Unidos no top 10 – a outra é a École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), Suíça, ocupando o nono lugar. O Ranking Leiden é quantitativo, e os dados englobam o número de publicações, citações e informações sobre o tamanho das instituições. O ranking atual indica um aumento significativo na qualidade da pesquisa no Instituto Weizmann de Ciência nos últimos anos – do 17º lugar há pouco mais de uma década, para o oitavo lugar no ranking atual.

Outros números do Ranking Leiden 2021:

19% dos artigos de autoria dos cientistas do Instituto Weizmann foram classificados entre os 10% mais importantes para o impacto científico.

Mais de 20% dos artigos de autoria dos cientistas do Instituto Weizmann nas Ciências Biomédicas e da Saúde foram classificados entre os 10% mais importantes para o impacto científico.

2,5% dos artigos científicos dos cientistas do Instituto Weizmann estavam no percentil superior dos artigos de impacto científico, e 65% deles estavam na metade superior dos artigos com maior impacto.

 A U-Multirank, publicada anualmente desde 2014 de acordo com inúmeras variáveis, tem como objetivo promover a transparência e auxiliar os alunos na aplicação nas universidades para estudos e pesquisas.

O Instituto Weizmann de Ciências, classificado pelo segundo ano consecutivo entre as dez maiores instituições de pesquisa do mundo, é um instituto de pesquisa multidisciplinar que abrange uma ampla exploração das ciências naturais e exatas. O Instituto oferece mestrado e doutorado em cinco faculdades. Cientistas do instituto estão avançando na pesquisa sobre o cérebro humano, inteligência artificial, ciência da computação e criptografia, astrofísica e física de partículas, doenças como o câncer, e abordando as mudanças climáticas através das ciências ambientais, oceânicas e vegetais.

Saiba mais:

The Weizmann Institute of Science Ranked Eighth in the World for Scientific Performance

Leiden Ranking 2021

UMultirank

Imunoterapia do câncer mais acessível

 Imunoterapia do câncer mais acessível

15.10.2021

Avanço liderado pela Profa. Yardena Samuels do Instituto Weizmann de Ciências possibilitará a aplicação de tratamentos personalizados em grupos inteiros de pacientes.

A imunoterapia despertou uma nova esperança para as pessoas com câncer, mas as soluções são personalizadas, o que limita muito seu uso. Agora, a equipe liderada pela Profa. Yardena Samuels do Instituto Weizmann de Ciências, desenvolveu um método que permite criar imunoterapias eficazes para grupos inteiros de pacientes. Tais tratamentos seriam mais fáceis e baratos do que adaptar células T personalizadas a cada novo paciente. Os pesquisadores já utilizaram esse método em uma forma particularmente agressiva de melanoma.

Identificar “hotspots” 

Os “hotspots” são estruturas das membranas externas das células cancerosas que podem fornecer aos sistemas imunológicos dos pacientes o “acesso” a um tumor. A equipe liderada por Samuels, desenvolveu um método para identificar esses focos de câncer de forma sistemática. Referida como uma “abordagem orientada a dados para identificar neoantígenos recorrentes”, envolve bioinformática seguida de análise de laboratório.

“Nossa nova abordagem pode possibilitar a aplicação de tratamentos personalizados em uma escala maior do que hoje”, diz Samuels. “Ele está pronto para ser desenvolvido para uso em hospitais, e pode ser aplicado a uma variedade de cânceres, não apenas melanoma.”

O estudo foi publicado no Journal of Clinical Investigation.  O braço de transferência de tecnologia do Instituto Weizmann, Yeda Research & Development Company, promoverá o desenvolvimento do método para uso clínico, por meio de uma empresa estabelecida para esse fim.

A Profa. Yardena Samuel é apoiada pelo Banco de Tumores Weizmann-Brasil, entre outros.

Saiba mais: Spotting Hotspots for Cancer Immunotherapy

O início foi um Tweet

  O início foi um Tweet

Foi o tweet do cientista do Weizmann, Dr. Nir London, que iniciou o maior esforço de Ciência Aberta do mundo para desenvolver rapidamente uma pílula anti-covid segura e globalmente acessível.

A colaboração virtual espontânea de cientistas, acadêmicos, equipes de pesquisa farmacêutica e estudantes em todo o mundo se dá através de ideias, modelos e avaliações compartilhadas. Graças a essa colaboração sem precedentes, a equipe da chamada Iniciativa Moonshot pretende identificar moléculas candidatas a estudos pré-clínicos até o final de 2021. Os primeiros ensaios clínicos são esperados em 2022.

 

Saiba mais: Global Initiative to Rapidly Develop a Safe, Globally Accessible and Affordable COVID-19 Antiviral Pill

Acredito que o campo da física de partículas está caminhando na direção da inteligência artificial


“Acredito que o campo da física de partículas está caminhando na direção da inteligência artificial”

 

20.09.21

 

“No futuro nenhum cientista se preocupará em mencionar que depende do machine learning (aprendizagem de máquina) para sua pesquisa porque será apenas mais uma ferramenta”, afirma o Prof. Eilam Gross do Departamento de Física de Partículas e Astrofísica do Instituto Weizmann de Ciências.” Ainda não chegamos lá, mas quando chegarmos testemunharemos uma revolução na maneira como os dados da física de alta energia são analisados.”

Prof. Gross liderou um dos dois grupos que anunciaram a descoberta do bóson de Higgs, muitas vezes referido como a “partícula de Deus”. Depois de resolver uma das maiores questões da física moderna, ele escolheu melhorar os métodos atuais de análise de dados.

O novo grupo de pesquisa liderado pelo Prof Gross no Instituto Weizmann de Ciências se concentra em resolver questões importantes na física de partículas usando abordagens de aprendizagem de máquina, um método de análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos.

Conheça a equipe do Weizmann (l-D) Dr. Sanmay Ganguly, Dmitrii Kobylianskii, Anton Charkin-Gorbulin, Prof. Eilam Gross, Nilotpal Kakati, Jonathan Shlomi e Anna Ivina.

 

Saiba mais:  When Particle Physics and Artificial Intelligence Collide

 

Abordagem terapêutica inovadora pode trazer nova esperança na batalha contra COVID-19

 Abordagem terapêutica inovadora pode trazer nova esperança na batalha contra COVID-19    

18.08.2021

Em um novo estudo publicado na Nature Microbiology, pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências, juntamente com colaboradores do Instituto Pasteur, França, e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), nos EUA, oferecem uma nova abordagem terapêutica para combater o coronavírus. Em vez de atingir a proteína viral responsável pela entrada do vírus na célula, a equipe de pesquisadores abordou a proteína na membrana de nossas células que permite essa entrada. Usando um método avançado de evolução artificial desenvolvido por eles, os pesquisadores geraram uma “super rolha” molecular que obstrui fisicamente essa “porta de entrada”, impedindo assim que o vírus se prenda à célula e entre nela.

A maioria das terapias potenciais e vacinas atuais para SARS-CoV-2 tem como alvo a chamada proteína de pico encontrada no envelope externo do vírus. Essa proteína, no entanto, é propensa a mutações que corroem a eficácia dos tratamentos. “Como o vírus está em constante evolução, temos nos focado no receptor humano não evolutivo chamado ACE2, que atua como o local de entrada para o vírus”, diz o Prof. Gideon Schreiber, do Departamento de Ciências Biomoleculares do Weizmann, que supervisionou o novo estudo. Essa abordagem não é suscetível a novas variantes emergentes do vírus, que é um dos principais desafios no combate à pandemia.

O receptor ACE2, ligado à membrana das células epiteliais pulmonares e outros tecidos, é uma enzima importante para regular a pressão arterial. Portanto, por mais tentador que seja simplesmente bloquear este receptor para impedir a entrada do SARS-CoV-2, qualquer estratégia desse tipo não deve interferir na função do ACE2. Prof. Schreiber, cujo laboratório é especializado em estudar interações entre proteínas, se propôs a desenvolver uma pequena molécula de proteína que poderia se ligar ao ACE2 melhor do que o SARS-CoV-2, e sem afetar a atividade enzimática do receptor.

Liderados pelo Dr. Jiří Zahradník, um pós-doutorando do grupo de Schreiber, os pesquisadores começaram identificando o domínio de ligação do SARS-CoV-2: a sequência relativamente curta da proteína de pico que se liga fisicamente ao ACE2. Usando o próprio domínio de ligação receptora do vírus como arma contra ele, Zahradník realizou várias rodadas de “evolução no tubo de ensaio”, em uma cepa de levedura geneticamente modificada. Como a levedura pode ser facilmente manipulada, Zahradník foi capaz de estudar rapidamente milhões de mutações diferentes que se acumularam no curso desta evolução artificial, um processo que imita a evolução natural em um ritmo acelerado. Em última análise, o objetivo era encontrar uma pequena molécula que seria significativamente “mais pegajosa” do que a versão viral original.

A equipe do Prof. Schreiber também forneceu fortes evidências a favor da hipótese de que o SARS-CoV-2 se torna mais contagioso quando as mutações melhoram seu ajuste ao ACE2. Os pesquisadores descobriram que logo após a primeira rodada de seleção, as variantes produzidas em laboratório com maior capacidade de ligação ao ACE2, tinham mutações semelhantes às variantes do SARS-CoV-2 mais contagiosas, como a Alfa, Beta e Gama. Surpreendentemente, a agora difundida variante Delta, é diferente. Para ser mais infecciosa evita parcialmente a detecção pelo sistema imune.

Finalmente, Zahradník isolou um pequeno fragmento de proteína com uma capacidade de ligação 1.000 vezes mais forte do que a original do qual evoluiu. Essa “super rolha” não apenas se encaixava perfeitamente ao ACE2, como permite conservar a atividade enzimática do ACE2 – exatamente como os pesquisadores pretendiam. Além disso, devido à forte ligação, concentrações muito baixas da molécula recém-projetada foram necessárias para alcançar o efeito de bloqueio desejado.

Para desenvolver um potencial método de administrar a molécula como medicamento, o Prof. Schreiber e sua equipe, tiveram a colaboração de outro departamento do Instituto Weizmann de Ciências, o de Ciências Terrestres e Planetárias! Juntos, eles criaram um spray que permitiria que a molécula desenvolvida fosse administrada por inalação aos pacientes.

Até agora, testes em hamsters infectados com SARS-CoV-2, obtiveram resultados preliminares indicando que este tratamento reduz significativamente os sintomas da doença, e sugerindo que pode ser um medicamento potencial.

Leia mais: Putting a Super Cork on the Coronavirus

O Prof. Jacob Hanna, especialista em células-tronco do Instituto Weizmann de Ciências, está entre os The World’s TOP 50 thinkers 2021!

 O Prof. Jacob Hanna, especialista em células-tronco do Instituto Weizmann de Ciências, está entre os The World’s TOP 50 thinkers 2021!

 

Recentemente, a sua equipe provocou agito ao anunciar ter cultivado embriões de camundongos em vidros por 12 dias, ou seja, até a metade do período normal de gestação do animal. O feito inédito até então, abrirá portas para pesquisas em edição genética para doenças hereditárias e o cultivo de órgãos para transplantes, dentre outras.  

Saiba mais: The world’s top 50 thinkers 2021

Você sabia que as proteínas podem se comunicar através do DNA?

 Você sabia que as proteínas podem se comunicar através do DNA?

5.8.2021

 

Por incrível que pareça, as proteínas podem se comunicar através do DNA, conduzindo um diálogo de longa distância que serve como uma espécie de “switch” genético. Pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências mostraram que a ligação de proteínas a um local de uma molécula de DNA pode afetar fisicamente um outro local distante, e que esse efeito ativa certos genes. O estudo publicado na Nature Communications é o primeiro a mostrar este fenômeno no DNA de organismos vivos.
Saiba mais: Calling through the DNA Wire