Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship

Evandro S. Ortigossa – Bolsista 2024

Dr. Evandro S. Ortigossa é escolhido para a The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship 2024

“Com sua sólida formação em ciência computacional e vasta experiência em análise de
dados, aprendizado de máquina e inteligência artificial explicável (XAI), Evandro será
uma adição valiosa à nossa equipe de pesquisa.” – Prof. Eran Segal

“Esta é uma grande oportunidade na minha carreira como cientista, e contar com o
suporte da The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship será fundamental.” – Dr. Evandro
S. Ortigossa

O Dr. Evandro S. Ortigossa inicia esta semana sua pesquisa no laboratório do Prof. Eran
Segal, no Instituto Weizmann de Ciências, graças à bolsa exclusiva para brasileiros The
Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship

Quem é ?
PhD em Ciência da Computação e Matemática Computacional (2024) pelo Instituto de
Matemática e Ciência da Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), onde
também concluiu sua graduação e mestrado, Dr. Evandro já conduziu no Brasil
pesquisas inovadoras em inteligência artificial e aprendizado de máquina.

Seu trabalho abrange uma ampla gama de aplicações dessas técnicas. Em 2015, ele
minerou e analisou um vasto volume de dados sobre os gastos do Governo Federal,
extraídos do Portal da Transparência. Paralelamente, colaborou em um projeto
voltado para o monitoramento de enchentes, desenvolvendo um método
automatizado e de baixo custo para medir o nível de água em córregos e rios. Esse
trabalho foi premiado como o melhor na categoria Undergraduate Works na
conferência SIBGRAPI 2015 (Conference on Graphics, Patterns and Images).

Durante o doutorado, seu interesse voltou-se para a falta de transparência na
Inteligência Artificial, levando-o a se aprofundar no campo de XAI (Explainable Artificial
Intelligence). Em suas pesquisas, ele analisou trabalhos de alto impacto que aplicavam
XAI para explicar os resultados de modelos de IA. Um desses estudos foi o trabalho do
Prof. Segal, publicado na Nature, que examinava como a alimentação afeta de
maneiras diferentes o desenvolvimento de doenças como o diabetes em pessoas
distintas. “Esse foi o primeiro cruzamento da pesquisa do laboratório do professor
Segal com a minha, citando um de seus muitos artigos em uma publicação do meu
doutorado”.

Após concluir o doutorado, Evandro entrou em contato com o Prof. Segal para se
juntar ao seu grupo como pós-doutorando. Ele foi aceito e selecionado para a The
Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship 2024.

 

O que ele fará no Weizmann?

“O projeto é ambicioso e repleto de desafios, mas tem o potencial de impactar de
forma muito positiva o tratamento e a predição de doenças.” – Dr. Evandro S. Ortigossa

No laboratório do Prof. Segal, Evandro trabalhará no desenvolvimento de modelos de
Inteligência Artificial (incluindo multimodal foundation models e generative AI)
aplicados à saúde e medicina personalizada. O projeto acompanha cerca de 12 mil
pacientes, coletando uma vasta gama de dados, desde hábitos alimentares até
sequenciamento genético.

A proposta central é integrar esses múltiplos dados (como exames clínicos,
eletrocardiogramas, monitoramento de glicose, scans de retina, entre outros) para
descobrir respostas mais precisas para doenças como diabetes e câncer.

Jean Carlo Souza – Bolsista 2022

Jean Carlo Souza
A ciência dos novos materiais tecnológicos

Nascido em Curitiba, o Dr Jean Carlo Souza iniciou o pós doutorado no
Departamento de Matéria Condensada do Laboratorio de Física de Escala Atómica no
Instituto Weizmann de Ciências em maio de 2022 sob a supervisão do Prof. Haim
Beidenkopf.

“A diferença cultural entre Brasil e Israel é visível desde o momento em que
você chega ao aeroporto, mas rapidamente nos acostumamos graças ao caráter
inclusivo do Instituto com os estrangeiros.”


Agraciado com a bolsa The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship exclusiva para
brasileiros e o plano do Jean Carlo é permanecer até 2025.

“O Weizmann tem fama mundial devido à qualidade e inovação em sua
pesquisa. Eu trabalho desde o meu doutorado com uma classe de materiais
conhecidos como materiais topológicos, que possuem um comportamento bem típico
de seus elétrons, que poderiam revolucionar a tecnologia como conhecemos hoje. O
Prof. Haim Beidenkopf esteve diretamente envolvido nas demonstrações
experimentais da viabilidade destes materiais e eu sempre tive vontade de aprender
com ele mais sobre esta classe nova de materiais. Obviamente a infraestrutura, a
inclusão e o suporte do Instituto Weizmann também foram elementos importantes na
minha escolha.”

 

Da eletrônica a spintrônica

Um dos maiores desafios tecnológicos de hoje é que se está cada vez mais
perto de alcançar o limite teórico de eficiência do silício para guardar informação e ter
dispositivos cada vez mais rápidos e eficientes. “Procurar materiais que possamos
basear a tecnologia não apenas na carga dos elétrons (daí vem a palavra eletrônica),
mas também em outras entidades elementares, como o spin do elétron, poderia
transformar completamente a nossa tecnologia.”

Os chamados materiais topológicos, que possuem esse nome inusitado devido
ao comportamento de seus elétrons estar intimamente ligado às simetrias e estruturas
atômicas de alguns compostos, permitem que um coletivo de elétrons se comporte
como se eles não possuíssem massa. “ A partir do entendimento fundamental das
interações em materiais modelos aspiram conseguir no futuro arquitetar um material
em que se possamos basear toda a transmissão de informação no spin.

” Isso permitiria basear toda a tecnologia existente não mais na eletrônica, mas
na spintrônica.

“O melhor de estar no WIS é o conhecimento. Aqui há
infraestrutura, suporte, inclusão e tudo mais, mas o
conhecimento que passa pelo campus todo dia é
impressionante“

Graduado em Física na Universidade Federal do Paraná, mestrado e
doutorado em Física na Unicamp. Doutorado sanduíche, tendo passado 1 ano e 3
meses no Instituto Max Planck para a físico-química de sólidos, em Dresden
(Alemanha).

Trabalha em um laboratório no subsolo do departamento de física,
onde se encontram os microscópios. Há uma estrutura para evitar que vibrações do
prédio afetem as medidas que são extremamente precisas e delicadas. O dia a dia é
baseado nas medidas de nossas amostras e pode ficar meses medindo!

Seja dos pesquisadores que trabalham no WIS, seja dos inúmeros
workshops, palestras e conferências organizados no campus, ele valora demais “ter
acesso diariamente a fronteira do conhecimento em diversas áreas, o que fortalece e
muito a minha formação”

Camila Pinto da Cunha – Bolsista 2020

 Conheça Camila Pinto da Cunha, a 1a recipiente da bolsa The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship

Camila Pinto da Cunha conquistou a primeira bolsa de pós-doutorado exclusiva para brasileiros  The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship. A bolsa é concedida a candidatos excepcionalmente qualificados para trabalhar com grupos de pesquisa no Instituto Weizmann de Ciências (WIS) por um período de dois anos.

“O planejamento é iniciar os trabalhos ainda em 2020. Não tenho uma data de viagem definida devido a pandemia da COVID-19, mas o planejamento já está sendo feito, o WIS providenciará transporte do aeroporto até instalações de quarentena, onde ficarei 14 dias. Depois sigo para uma moradia de longo prazo também designada por eles. A contenção da pandemia está caminhando bem por lá, as pesquisas e atividades continuam normalmente, seguindo as medidas de segurança como uso de máscara, lavagem constante das mãos e distanciamento físico.”

No Instituto Weizmann, Camila integrará a equipe do Prof. Yuval Eshed, um dos pioneiros em uma forma inovadora de estudar o desenvolvimento das flores. A pesquisa de pós-doutorado pretende obter uma melhor compreensão da biologia do florescimento, e conta com o grupo que mais sabe do tema no mundo. “É um grupo muito amigável. Durante o processo de escrita do projeto estive em contato com a Grace Lhaineikim, estudante de pós-doc, que me ajudou muito a entender melhor as pesquisas e resultados preliminares obtidos pelo grupo, assim como tirar dúvidas sobre adaptação, cultura e vida em Israel”.

Muito estudo e muito trabalho…

Camila vislumbra o cotidiano na pesquisa em Israel semelhante ao que teve a vida toda no Brasil e que ela define como “muito estudo, muito trabalho!”. Camila é Engenheira Agrônoma e Licenciada em Ciências Agrárias pela Universidade de São Paulo (USP), onde também realizou mestrado. Tem doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e já fez pós-doutorado no atual Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Camila também é especialista em jornalismo científico pelo Labjor (Unicamp).

Cursou um ano da graduação no Canadá, na Faculdade de Ciências Agrárias e Ambientais (campus Macdonald) da Universidade McGill e fez estágio no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), ambas as experiências foram importantes para as futuras pesquisas em cana-de-açúcar, desenvolvidas no doutorado e pós-doutorado.

Ela é também especialista em jornalismo científico pela Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp e foi bolsista mídia ciência pelo Laboratório de Genômica e bioEnergia, escrevendo para jornais universitários e o blog de ciência Planteia. “Difícil definir o porquê fui escolhida para a The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship. Acredito que além de um currículo acadêmico alinhado ao grupo de pesquisa, os trabalhos de comunicação científica foram um diferencial.”- interpreta.

… desde o Ensino Médio

Ainda no ensino médio, Camila realizou o estágio obrigatório de conclusão do curso técnico em química no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) sob supervisão do virologista de plantas, Dr. José Alberto Caram de Souza-Dias. “Na época, eu me preparava para o vestibular e queria uma profissão relacionada a alimentos. Minha dúvida estava entre Engenharia Agronômica ou de Alimentos. O estágio foi crucial para a tomada de decisão. Aprendi sobre o cultivo de pimentões muito sensíveis ao inóculo de diferentes estirpes de vírus, além das técnicas de ELISA e PCR treinadas incansavelmente em carregamentos de batata, que chegavam na época da colheita para decisão do agricultor quanto ao destino da produção, semente ou varejo”, relembra. O estágio foi curto, mas ela garante, suficiente para estimular os estudos para o vestibular, decidir a carreira e trilhar os primeiros passos na ciência.

No primeiro ano de graduação, esbarrou com o desafio de cultivar um canteiro de hortaliças. “Em uma das disciplinas, recebi sementes de alface, pequenas e delicadas, que não poderiam ser semeadas diretamente no solo. Busquei ajuda no Departamento de Produção Vegetal, onde conheci o hoje Prof. Dr. Fernando Cesar Sala da Universidade Federal de São Carlos, e o professor emérito Dr. Cyro Paulino da Costa. Eles me ajudaram e minhas visitas frequentes à estufa para checar o crescimento das mudas e minha curiosidade pela pesquisa de Sala e Costa, me direcionaram mais tarde para área de minha especialização, genética e melhoramento vegetal”.

E agora no Weizmann

No Instituto Weizmann, integrará a equipe do Prof. Yuval Eshed, um dos pioneiros no estudo de como o tecido que dá origem a todos os órgãos de uma planta (meristema) gera flores. “O projeto demanda o desenvolvimento de habilidades teóricas e práticas. Vou usar novas técnicas e novos instrumentos e eles usam o tomate como planta modelo. Migrar de cana-de-açúcar para o tomate e ir para um mundo diferente! A oportunidade de pesquisa no renomado Instituto Weizmann é uma oportunidade única para a minha carreira”.

Ela vai estudar os fatores internos da planta que definem quando um meristema, com suas células inicialmente indiferenciadas, vira flor. “A influência de um fator depende de como ele é percebido internamente. Esses estímulos são organizados em vias, que lembram uma lista de tarefas com o passo a passo para execução de cada uma delas. A ideia do projeto é definir passos faltantes dessas listas de tarefas (dependentes ou não do hormônio do florescimento, o florígeno) e entender a relação entre listas de tarefas diferentes (como dos hormônios clássicos)”.

Entender como a transição floral é regulada é fundamental para garantir a produção agrícola e conservar espécies nativas, principalmente em tempos de crise climática. “Perguntas de fisiologia do desenvolvimento básico ajudam a entender o porquê determinada arquitetura de planta produz mais frutos; quais os estímulos definem se o meristema deve se manter como está ou se diferenciar em flor, folha ou ramo ou mesmo morrer. E como as mudanças climáticas afetam o destino das plantas.”

Perguntas básicas que, uma vez respondidas, podem ter um impacto importante na produção agrícola.