Jean Carlo Souza
A ciência dos novos materiais tecnológicos
Nascido em Curitiba, o Dr Jean Carlo Souza iniciou o pós doutorado no
Departamento de Matéria Condensada do Laboratorio de Física de Escala Atómica no
Instituto Weizmann de Ciências em maio de 2022 sob a supervisão do Prof. Haim
Beidenkopf.
“A diferença cultural entre Brasil e Israel é visível desde o momento em que
você chega ao aeroporto, mas rapidamente nos acostumamos graças ao caráter
inclusivo do Instituto com os estrangeiros.”
Agraciado com a bolsa The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship exclusiva para
brasileiros e o plano do Jean Carlo é permanecer até 2025.
“O Weizmann tem fama mundial devido à qualidade e inovação em sua
pesquisa. Eu trabalho desde o meu doutorado com uma classe de materiais
conhecidos como materiais topológicos, que possuem um comportamento bem típico
de seus elétrons, que poderiam revolucionar a tecnologia como conhecemos hoje. O
Prof. Haim Beidenkopf esteve diretamente envolvido nas demonstrações
experimentais da viabilidade destes materiais e eu sempre tive vontade de aprender
com ele mais sobre esta classe nova de materiais. Obviamente a infraestrutura, a
inclusão e o suporte do Instituto Weizmann também foram elementos importantes na
minha escolha.”
Da eletrônica a spintrônica
Um dos maiores desafios tecnológicos de hoje é que se está cada vez mais
perto de alcançar o limite teórico de eficiência do silício para guardar informação e ter
dispositivos cada vez mais rápidos e eficientes. “Procurar materiais que possamos
basear a tecnologia não apenas na carga dos elétrons (daí vem a palavra eletrônica),
mas também em outras entidades elementares, como o spin do elétron, poderia
transformar completamente a nossa tecnologia.”
Os chamados materiais topológicos, que possuem esse nome inusitado devido
ao comportamento de seus elétrons estar intimamente ligado às simetrias e estruturas
atômicas de alguns compostos, permitem que um coletivo de elétrons se comporte
como se eles não possuíssem massa. “ A partir do entendimento fundamental das
interações em materiais modelos aspiram conseguir no futuro arquitetar um material
em que se possamos basear toda a transmissão de informação no spin.
” Isso permitiria basear toda a tecnologia existente não mais na eletrônica, mas
na spintrônica.
“O melhor de estar no WIS é o conhecimento. Aqui há
infraestrutura, suporte, inclusão e tudo mais, mas o
conhecimento que passa pelo campus todo dia é
impressionante“
Graduado em Física na Universidade Federal do Paraná, mestrado e
doutorado em Física na Unicamp. Doutorado sanduíche, tendo passado 1 ano e 3
meses no Instituto Max Planck para a físico-química de sólidos, em Dresden
(Alemanha).
Trabalha em um laboratório no subsolo do departamento de física,
onde se encontram os microscópios. Há uma estrutura para evitar que vibrações do
prédio afetem as medidas que são extremamente precisas e delicadas. O dia a dia é
baseado nas medidas de nossas amostras e pode ficar meses medindo!
Seja dos pesquisadores que trabalham no WIS, seja dos inúmeros
workshops, palestras e conferências organizados no campus, ele valora demais “ter
acesso diariamente a fronteira do conhecimento em diversas áreas, o que fortalece e
muito a minha formação”