Liane Gotlib Zaidler
Especial para a Tribuna Judaica
Ada Yonath vencedora do Prêmio Nobel de Química esteve no Brasil à convite da Associação dos Amigos do Instituto Weizmann do Brasil. Ela foi uma das convidadas de destaque do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que aconteceu em Campinas, onde conheceu os mais recentes avanços na utilização de radiação síncroton e suas aplicações em investigações científicas. Em São Paulo ministrou a palestra “Antibióticos: uma esperança no passado, A dúvida da atualidade e a busca de um futuro promissor”, que lotou o Teatro Anne Frank de A Hebraica.
Ada nasceu em 1939 em Jerusalém Oriental, antes mesmo da criação do Estado de Israel e fez doutorado em cristalografia de raios X em 1968 no Instituto Weizmann de Ciências, onde trabalha até hoje. Em 2009 foi agraciada com o Prêmio Nobel de Química, juntamente com os norte-americanos Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz, com seus estudos sobre os ribossomos. Com 71 anos de idade, e muito bom humor, ela nos contou sobre suas conquistas:
Como a estrutura do Instituto Weizmann contribuiu para que a senhora desenvolvesse sua pesquisa que lhe rendeu o Nobel? Conte um pouco sobre a importância dessa pesquisa…
Só posso agradecer ao Instituto Weizmann por ter me permitido perseguir meus sonhos. Meus estudos foram sobre os ribossomos – estruturas celulares que fabricam proteínas. A crescente resistência das bactérias torna urgente a busca por medicamentos mais eficazes. Esses estudos estão alimentando a esperança de que sejam encontrados antibióticos mais eficientes que os atuais.
Como foi a sensação de receber o Nobel, foi surpreendente?
Receber o Prêmio Nobel foi muito bom. Eu sempre quis ganhar um Nobel, mas não esperava ganhá-lo. Mas o melhor prêmio que ganhei na vida foi o de melhor avó do ano, dado pela minha neta de 15 anos, e que se renova a cada ano.
O que mudou na sua vida depois do Prêmio Nobel?
Me tornei conhecida e hoje posso usar essa notoriedade para visitar escolas e estimular jovens a seguirem a carreira científica.
Como mulher, em uma área onde muitos homens se destacam, você sofreu alguma resistência em defender suas idéias?
Não, nunca senti nenhum tipo de resistência. Acho que temos que mudar a sociedade, não a ciência e nem a mulher.
A senhora acredita que ainda teremos paz no Oriente Médio?
Eu quero a paz, e tenho toda a certeza do mundo que teremos paz. As pessoas não querem guerra, querem viver em paz. Eu espero que ela venha, e que venha logo.