Tamir Klein mostrou, pela primeira vez, a transferência de carbono e outros nutrientes entre árvores de diferentes espécies.

Tamir Klein mostrou, pela primeira vez, a transferência de carbono e outros nutrientes entre árvores de diferentes espécies. Ele participou do XXV Congresso Mundial da IUFRO

Tamir Klein, pesquisador do Instituto Weizmann de Ciências, foi o primeiro a observar a existência do “comércio de carbono” entre as raízes das árvores próximas. Ele virá ao Brasil apresentar um estudo que confirma que Israel sofre perda florestal atribuível à mudança climática durante o  XXV Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO), que aconteceu entre os dias 30 de setembro a 05 de outubro, em Curitiba, com palestrantes de importância global na área florestal.

A União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO, na sigla em inglês) é uma rede global de cooperação em ciências florestais que reúne mais de 15.000 cientistas de 126 países. A missão da IUFRO é promover a cooperação internacional em estudos científicos, abrangendo todo o espectro da pesquisa relacionada a florestas e árvores, para o benefício das florestas e das pessoas que dependem delas.

O Dr Tamir Klein integra um time internacional de trabalho sobre mortalidade global das árvores e, na sua palestra, que acontece no dia 02 de outubro, vai apresentar uma análise da perda florestal em Israel (1948 – 2017) atribuível às mudanças climáticas.  Ele reuniu dados de pesquisas florestais e imagens de satélites para criar o primeiro registro espacial e histórico de mortalidade das árvores em escala nacional.

Israel é um país com um mosaico de áreas florestais pequenas que ocupam 7% do território. Desde 1991 a mortalidade das árvores tem aumentado significativamente: em 24% dos eventos, a perda estava diretamente relacionada à seca, 58% ao fogo e 69% a incêndios em áreas secas. As coníferas foram desproporcionalmente mais afetadas do que as árvores nativas. Sua pesquisa confirmou o aumento desse fenômeno nas últimas décadas, e o papel dominante da seca, e abre um caminho para melhorar o monitoramento que garanta a sustentabilidade florestal à as mudanças climáticas.

O Dr. Tamir Klein estuda as florestas fazendo medições que capturam em detalhes como as árvores se adaptam à seca. Sua pesquisa eco-fisiológica descobriu como as árvores reciclam água e nutrientes entre as folhas, caules e raízes e até mostrou evidências de uma espécie de “comércio de carbono” entre as raízes das árvores próximas.

Durante seu pós-doutorado na Universidade de Basileia, Suíça, o Dr. Klein quantificou, pela primeira vez, a transferência de carbono e outros nutrientes entre árvores de diferentes espécies mostrando de forma inédita como as árvores literalmente se comunicam para se manterem  saudáveis. Em um artigo publicado na revista Science (2016) mostrou que esse “comercio” responde por até 40 % do carbono das raízes.

Como os modelos climáticos preveem que em muitas regiões do planeta as secas vão aumentar em frequência, intensidade e duração, ele pesquisa também os fatores que determinam a resistência e resiliência  à seca das arvores frutais, entre elas os limoeiros.

Nascido em Eilat, Israel, o Dr. Tamir Klein gradou- se com honras em Bioquímica e Ciência dos Alimentos na Universidade Hebraica de Jerusalém  e completou o mestrado em Ciências Vegetais e o doutorado em Ciências Ambientais no Instituto Weizmann de Ciências. Fez pós-doutorado no Instituto de Botânica da Universidade de Basileia, Suíça e depois retornou a Israel onde trabalhou como pesquisador no Centro de Pesquisa Agropecuária da organização Volcani.

Atualmente lidera um grupo de 15 estudantes e cientistas no Departamento de Plantas e Ciências Ambientais do Instituto Weizman de Ciências, e é editor de The Journal of Plant Hydraulics, e iForest, Journal of Biogeosciences and Forestry.  Na área de educação, foi professor do Departamento de Ensino das Ciências e desenvolveu cursos em Ciências ambientais e métricas de sustentabilidade para estudantes e professores do ensino médio