Anunciamos o agraciado com a bolsa de pós-doutorado Morá Miriam Rozen Gerber Fellowship, Rodney Fonseca, do Ceará para Israel para pesquisar análise de Big Data.
O cearense Rodney Fonseca, após concorrido processo seletivo, foi o ganhador da bolsa de pós-doutorado Morá Miriam Rozen Gerber Fellowship. Graduado em Estatística na Universidade Federal do Ceará, mestre pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e doutor pela Unicamp, o jovem de 27 anos vai trabalhar em uma das equipes de pesquisa científica de dados mais prestigiada do mundo. Ele vai utilizar técnicas estatísticas para desenvolver maneiras de realizar testes em Big Data que não pode ser armazenada em um único computador devido a questões de privacidade.
Do Ceará para Israel.
Rodney Fonseca
Sou natural de Fortaleza-Ceará e fiz a minha graduação em Estatística na Universidade Federal do Ceará. Durante a graduação, comecei a realizar estudos de pesquisa quando participei do Programa de Educação Tutorial (PET). Em seguida consegui uma bolsa de iniciação científica para trabalhar com o professor Juvêncio Nobre em modelagem estatística, desenvolvendo trabalhos que teriam como frutos a minha monografia, meu primeiro artigo científico e um prêmio como finalista entre os 5 melhores trabalhos em Estatística no país no nível de graduação. Decidi seguir na área acadêmica e ingressei no mestrado em Estatística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para trabalhar com o professor Francisco Cribari-Neto em modelos de probabilidade e modelagem de dados positivos, com bolsa financiada pelo CNPq. Nossos trabalhos renderam três artigos científicos e bastante aprendizado. Na UFPE também investi tempo em conceitos importantes para pesquisadores em Estatística (matemática, inglês, programação, etc), pois já tinha planos de fazer doutorado.
A oportunidade de fazer doutorado na Unicamp veio através do professor Aluísio Pinheiro, com quem tive um projeto aprovado para receber uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Nosso trabalho foi em um tema variado e que pude utilizar em diversas aplicações, imagens de satélite, dados financeiros, neuroimagens, dados de Covid-19, etc.: métodos de ondaletas em dados funcionais.
Durante o doutorado também tive um projeto aprovado pela FAPESP para passar um ano nos Estados Unidos trabalhando com o professor Debashis Mondal, da Oregon State University. No exterior, fiz pesquisas também com métodos de ondaletas, mas em diferentes problemas: análise de vazões de rios, dados de corridas de táxi, etc. Tais experiências durante o doutorado foram bastante enriquecedoras para a minha formação como cientista, tanto no lado técnico/teórico, como pelo lado da aplicação de resultados em problemas variados.
Sou muito grato às agências de financiamento que me ajudaram a seguir sonhando em me tornar um pesquisador e fiquei extremamente contente com a oportunidade proporcionada pelos Amigos do Weizmann para seguir mais longe ainda nessa jornada científica. É muito gratificante saber que contamos com incentivos desse tipo a brasileiros mesmo em tempos difíceis e espero seguir contribuindo com o desenvolvimento científico no Brasil, para futuramente inspirar mais jovens a sonharem em se tornar cientistas.
O que vai fazer no Weizmann
No Instituto Weizmann, o Dr. Rodney Fonseca vai utilizar as técnicas estatísticas que estudou no doutorado na Unicamp para desenvolver maneiras de realizar testes em enormes conjuntos de dados que não podem ser armazenados em um único computador devido a questões de privacidade.
Hoje se geram grandes volumes de dados, o que exige que técnicas eficientes sejam usadas para analisá-los. No Instituto Weizmann, ele vai avançar nas pesquisas sobre uma maneira de representar dados já empregada em engenharia na análise de sinais digitais, (a aplicação de ondaletas em dados funcionais) para investigar o problema de análise distribuída de dados, uma linha de pesquisa recente na área de Big Data (enormes conjuntos de dados). A análise distribuída é necessária quando todos os dados não podem ser armazenados em um único computador e devem ser separados em várias máquinas, algo que ocorre, por exemplo, com dados hospitalares que não podem ser compartilhados devido à questões de privacidade dos dados dos pacientes. Realizarei o programa de pós-doutorado no laboratório do Prof. Boaz Nadler do Departamento de Ciências da Computação e Matemática Aplicada do Instituto Weizmann de Ciências, que já trabalha no desenvolvimento de métodos para esse tipo de problema em análise de dados.
Rodney Fonseca
“Meu programa favorito quando criança foi a série Poeira das Estrelas”
Idade
27 anos
De onde é
Fortaleza, Ceará.
Como você começou a gostar da ciência?
Sempre gostei dos programas de televisão sobre ciência. O meu programa favorito quando criança foi a série “Poeira das Estrelas”, produzida pelo físico Marcelo Gleiser.
Quando foi que decidiu virar cientista?
A decisão de virar cientista só veio na faculdade, quando comecei a trabalhar em projetos de pesquisa. Acho que a maior divulgação hoje em dia de diversas pessoas trabalhando com pesquisa deve ajudar os jovens cada vez mais cedo a contemplar uma carreira de cientista como profissão.
O que é o que mais gosta do seu trabalho?
Assim como disse um famoso estatístico americano chamado John Tukey, a melhor parte de ser estatístico é que você tem a chance de brincar no quintal de todo mundo. A possibilidade de trabalhar com dados dos mais variados tipos de problemas é fascinante e uma ótima oportunidade de se aprender sobre várias áreas da ciência, como biologia, medicina, engenharia, etc.
Quais são as suas expectativas no Weizmann?
Espero aprender mais sobre temas de pesquisa recentes e bastante relevantes em estatística e ciência de dados. O desenvolvimento de bases teóricas e algoritmos para métodos em Big Data é um tópico bastante investigado nas mais prestigiadas universidades no mundo. Trabalhando com o professor Boaz Nadler, atual diretor do centro de pesquisa em ciência de dados do Instituto Weizmann, espero aprender bastante e contribuir com o avanço dessa área no Brasil futuramente.
Como tomou conhecimento da bolsa?
Os professores da Unicamp Aluísio e Hildete Pinheiro foram quem me enviaram detalhes sobre a bolsa no Instituto Weizmann. Eles sabiam que eu estava perto de defender a minha tese de doutorado e que tinha vontade de seguir na carreira acadêmica, então me sugeriram tentar essa oportunidade.
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