Flora intestinal, adoçantes artificiais e intolerância a glicose

Um novo estudo mostra que certas bactérias intestinais podem induzir mudanças metabólicas depois de exposição a adoçantes artificiais.

Os adoçantes artificiais, promovidos como ajuda a` perda de peso e prevenção de diabetes, poderia na realidade causar intolerância à glicose e doenças metabólicas, e o provocaria de uma maneira surpreendente: alterando a composição e função da microbiota ou flora intestinal, a população de bactérias que residem nos intestinos. Esta descoberta, resultado de experimentos em camundongos e humanos foi publicada ontem na revista Nature. Segundo o Dr Eran Elinav, do departamento de Imunologia do Instituto Weizmann, quem conduz a pesquisa junto ao Prof. Eran Segal do departamento de Ciências da computação e matemáticas aplicadas, o uso estendido de adoçantes artificiais em bebidas e comidas pode estar contribuindo a epidemia de obesidade e diabetes que está varrendo o mundo.

Por anos, os pesquisadores tentaram entender o fato de que os adoçantes artificiais não calóricos pareciam não ajudar na perda de peso, e algumas pesquisas tinham sugerido até de que poderia ter o efeito contrário. O estudante graduado Jotham Suez, do laboratório de Elinav, quem liderou a pesquisa, colaborou com os estudantes graduados Tal Korem e David Zeevi no laboratório de Segal e Gili Zulberman-Shapira, no laboratório de Elinav, na descoberta de que adoçantes artificiais, mesmo que não tem açúcar, tem um efeito direto na capacidade do corpo de utilizar a glicose. A intolerância à glicose – que se pensa acontece geralmente quando o corpo não consegue metabolizar grandes quantidades de açúcar na dieta – e o primeiro passo para o síndrome metabólico e a diabetes do adulto.

Os cientistas deram para os camundongos agua com os adoçantes artificiais mais habituais, em quantidades equivalentes as permitidas pela FDA. Os ratos desenvolveram intolerância à glicose, o que não aconteceu com os que tomavam agua ou até agua com açúcar. Repetiram o experimento com diferentes tipos de rato e diferentes doses de adoçantes e sempre produziam os mesmos resultados: de alguma maneira, essas substancias induziam intolerância à glicose.

Depois, os pesquisadores investigaram a hipótese de que microflora intestinal estava envolvida no fenômeno. Os adoçantes artificiais não são absorvidos no trato gastrointestinal, mais, na passagem, encontram trilhões de bactérias. Pensaram então que as bactérias podiam faze-lo como reação a substancias novas como os adoçantes artificiais, que o corpo não reconhece como comida.

Quando os pesquisadores trataram os camundongos com antibióticos para erradicar a flora intestinal, isso resultou em uma reversão completa dos efeitos dos adoçantes no metabolismo da glicose. Depois, transferiram a flora intestinal do camundongo que consumiu o adoçante artificial a ratos sem germes, e o resultado foi uma transmissão completa da intolerância à glicose ao rato receptor. Isto foi uma prova conclusiva de que as mudanças na flora intestinal eram responsáveis diretas do efeito nocivo no metabolismo do hospede. O grupo anda achou que que incubando as bactérias fora do corpo, junto a adoçantes artificiais, era suficiente para induzir intolerância à glicose no rato estéril.

Uma caraterização detalhada da flora (microbiota) em estes camundongos revelou mudanças profundas das populações bacterianas, incluindo novas funções microbianas que são conhecidas por inferir na propensão a obesidade, diabetes e complicações de estes problemas, tanto em camundongos como em humanos.

Será que o microbioma humano funciona da mesma maneira? Elinav and Segal queriam testar isso também. Como primeiro passo, olharam os dados coletados do Projeto de Nutrição Personalizada, Personalized Nutrition Project (www.personalnutrition.org), o maior ensaio humano que tenta conectar nutrição e microbiota. La encontraram uma associação significativa entre o consumo declarado de adoçantes artificiais, configurações pessoais de flora intestinal e a propensão a intolerância à glicose. Depois, fizeram um experimento controlado pedindo a um grupo de voluntários que por lo general não comiam ou bebiam alimentos adoçados artificialmente para consumi-los por uma semana e depois, fazer testes de nível de glicose assim como composição da microbiota.

Os pesquisadores acharam que muitos – porém não todos- os voluntários tinham começado a desenvolver intolerância à glicose apenas uma semana depois de começar a consumir adoçantes artificiais. Descobriram também que a composição da microbiota explicava a diferencia Os pesquisadores descobriram duas populações diferentes de bactérias na flora intestinal: uma que quando colocada com adoçantes artificiais induzia intolerância à glicose e uma outra que não. Elinay acredita de que certas bactérias intestinais de aquelas pessoas que desenvolveram intolerância à glicose reagiram aos adoçantes químicos secretando substancias que provocavam uma resposta inflamatória similar à sobre dose de açúcar, provocando mudanças na capacidade do corpo de utilizar o açúcar.

Segal: “O resultado de nosso experimento destaca a importância de uma nutrição e medicinal personalizada. Acreditamos que um analise integrado do nossos “big data” individuais, do genoma, micro-bioma e hábitos alimentarias podem transformar nossa capacidade de entender de que maneira alimentos e suplementos nutricionais modificam a saúde e o risco de doença.

Elinav: “Nossa relação com nossa mistura individual de bactérias intestinais e’ um fator importante que determina como nos afetam os alimentos que comemos. O nexo entre o uso de adoçantes artificiais – a través das bactérias de nosso intestino – e a tendência a desenvolver as mesmas condições que pretendem prevenir e’ especialmente intrigante. Isso apela `a reavaliação do consumo massivo e sem supervisão de estas substancias.

Participaram também nesta pesquisa Christoph A. Thaiss, Ori Maza, e Dr. Hagit Shapiro do grupo de Elinav; Dr. Adina Weinberger do grupo de Segal; Dr. Ilana Kolodkin-Gal do departamento de Genética Molecular, Prof. Alon Harmelin e Dr. Yael Kuperman do Departamento de Recursos Veterinários; Dr. Shlomit Gilad do Centro Nacional de Medicina Personalizada Nancy e Stephen Grand; Prof. Zamir Halperin e Dr. Niv Zmora do Centro Médico Sourasky de Tel Aviv e Dr. David Israeli do Centro de Saúde Mental do Hospital Kfar Shaul Hospital de Jerusalém.

 

A pesquisa do Dr. Eran Elinav e’ apoiada pelo Abisch Frenkel Foundation para a promoção das Ciências da Vida,; o Benoziyo Endowment Fund para o avanço da ciência; a Fundação Família Guri para a pesquisa cientifica; a Leona M. and Harry B. Helmsley Charitable Trust; a Fundação Adelis; Yael and Rami Ungar, Israel; the Crown Endowment Fund para pesquisa imunológica; John L. and Vera Schwartz, Pacific Palisades, CA; the Rising Tide Foundation; Alan Markovitz, Canada; Cynthia Adelson, Canada; the estate of Jack Gitlitz; the estate of Lydia Hershkovich; the European Research Council; o CNRS – Centro Nacional da pesquisa cientifica de Franc,a; the estate of Samuel and Alwyn J. Weber; e Mr. and Mrs. Donald L. Schwarz, Sherman Oaks, CA. Dr. Elinav is the Incumbent of the Rina Gudinski Career Development Chair.

A pesquisa do Prof. Eran Segal está apoiada pelo Kahn Family Research Center for Systems Biology of the Human Cell; Carolito Stiftung; Cecil and Hilda Lewis Charitable Trust; Conselho de pesquisa europeio e Sr. e Sra. Donald L. Schwarz, Sherman Oaks, CA.

 

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