Sucot com ciência na Sucá (cabana) da comunidade Shalom

Duas importantes neurocientistas do Instituto Weizmann, Profa. Michal Schwartz e Profa. Orly Reiner participaram da comemoração de Sucot (A Festa das Cabanas) na Comunidade Shalom, e falaram sobre as pesquisas de ponta do instituto israelense.

Duas importantes neurocientistas do Instituto Weizmann, Profa. Michal Schwartz e Profa. Orly Reiner participaram da comemoração de Sucot (A Festa das Cabanas) na Comunidade Shalom, e falaram sobre as pesquisas de ponta do instituto israelense.

A multipremiada Profa. Michal Schwartz, pioneira mundial em demostrar como o sistema imune é importante para manter e proteger o sistema nervoso, falou sobre “Neuro-imunidade e como a ciência do cérebro vai revolucionar a maneira como vivemos e envelhecemos, bem como as implicações para a doença de Alzheimer”.  A Profa. Orly Reiner, professora de Neuroquímica do Departamento de Genética Molecular, abordou o “Desenvolvimento cerebral na saúde e na doença”.  Sua pesquisa busca identificar os genes responsáveis por distúrbios de processos do desenvolvimento cerebral, informação essencial para o tratamento de doenças como o autismo e a esquizofrenia.

As cientistas foram apresentadas pelo rabino Adrián Gottfried que as recebeu calorosamente como convidadas da Sucá da Comunidade Shalom, e o professor de Psiquiatria da USP Beny Lafer que foi quem teve a excelente ideia de levar neurociência na sinagoga. Elas estavam ao Brasil participando de um Simpósio de Neurociência, fruto de uma colaboração científica do Hospital Israelita Albert Einstein, Universidade de São Paulo e Instituto Weizmann de Ciências

A doutora Schwartz criou uma área cientifica nova, a Neuroimunologia. Para isso teve que começar por destruir alguns dogmas da biologia. A coragem dela permitiu o surgimento de um enfoque terapêutico completamente inovador que promete mudar a cabeça de uma parte importante da humanidade. Mas qual foi a pergunta? Uma bem simples. A pergunta que a Michal se fez, vinte anos atrás, foi a seguinte. O sistema imune protege o corpo, porqué iria abrir mão do órgão mais valioso? Isso foi porque então existia o dogma, aquele que todo mundo estudou na escola, de que o cérebro está isolado dentro do corpo, que existe uma barreira que o protege de tudo. De maneira clara e com exemplos fáceis de entender, a Professora Schwartz explicou como a partir de essa pergunta, da resposta, e das perguntas que logo chegaram, a equipe dela não apenas achou a porta que usa o sistema imune para cuidar do cérebro, mas descobriu também como durante a vida ela é aberta o tempo todo, mas de forma seletiva. Não apenas isso, em poucos minutos foi relatando e mostrando evidencias de para que serviria essa porta, nada menos do que para manter a saúde e vitalidade do cérebro.

Em palavras simples, quando essa abertura não funciona corretamente, a memória e outras capacidades cerebrais falham. E nestes vinte anos de estudo no Instituto Weizmann, o controle remoto que permite controlar aquela porta já está devidamente avaliado. A ciência básica já deu o conhecimento, e logo começam as pesquisas clinicas. São elas as que finalmente vão confirmar a utilidade de essa chave química, que não mexe com o cérebro, mas com o sistema imune, para prevenir a doença de Alzheimer. Poucas vezes na vida, a gente tem oportunidade de enxergar a potencial solução para uma das doenças mais temidas, na voz da pessoa que fez a primeira pergunta, a básica, a importante, a que ninguém se fazia e acima de tudo, a simples. O sistema imune protege o corpo, porquê iria abrir mão do órgão mais valioso?

A segunda palestrante foi a professora Orly Reiner, cientista do Instituto Weizmann que mantem uma parceria de pesquisa no Brasil, onde o objetivo é a compreensão do espectro autista. O público teve a oportunidade infrequente de ver na tela o nascimento de um neurônio. O que faz uma célula tronco indiferenciada, virar neurônio, tal vez a mais complexa e sem dúvida admirada do corpo humano? Conseguir chegar no local certo na hora certa, ressume a Dra Orly. Ela também mostrou as células em migração, um fenômeno que quando não acontece corretamente provoca distúrbios graves como deixar o cérebro liso ou microcefalia. A importância do trabalho não precisa ser explicada, a microcefalia foi um nome desconhecido por muitos ate´ que o vírus Zika o levou as manchetes e inundou as conversas.

No vídeo de apresentação e nas palestras ficou claro que trabalhos que em outros âmbitos geram ceticismo, no Instituto Weizmann são celebrados como visionários. E que discussões interdisciplinares férteis são as que convertem ideias malucas em hipóteses a serem testadas, perguntas simples em respostas muito esperadas. E assim como no campus de Rehovot nascem estratégias inovadoras que logo saem de Israel em benefício da humanidade.

Galeria de fotos