Retrospectiva 2020
O que aprendemos com a pandemia?
Adaptabilidade, resiliência e solidariedade. Da comunidade Weizmann para o mundo.
“A pandemia não cortou nossas asas. Saímos voando mais rápido e mais alto”,
Prof. Alon Chen,
Presidente Instituto Weizmann de Ciências
Nada ficou como era. O mundo agora olha para a ciência com outra expectativa e confiança, e o Instituto Weizmann de Ciências e os apoiadores do mundo todo continuam à altura do desafio.
Assim que a pandemia teve início, o Weizmann foi além da pesquisa em ciência básica que o caracteriza. Mais de 60 laboratórios se puseram a buscar soluções urgentes contra a Covid-19 e investigar formas de prevenção, diagnóstico e tratamento para combater o impacto do vírus.
“A pandemia não cortou nossas asas. Saímos voando mais rápido e mais alto”, assinalou o presidente do Instituto, prof. Alon Chen.
Há múltiplas provas que sustentam a afirmação. Umindicativo da relevância do Instituto Weizmann de Ciências é que ele foi colocado na 8ª posição mundial na prestigiosa classificação de Leiden de qualidade em pesquisa. O que mesmo durante a pandemia, ingressaram novos cientistas com a missão de dirigir laboratórios e aumentaram os pedidos para estudos de pós-graduação vindos de outros países. Neste ano foi assinado também o histórico Memorando de Entendimento com a Universidade Mohamed bin
Zayed de Inteligência Artificial, (MBZUAI) dos Emirados Árabes Unidos. Os dois institutos agora trabalham em conjunto para promover o desenvolvimento e a utilização da inteligência artificial.
Também a pesquisa biomédica colaborativa alcançou um novo patamar com a criação do Centro Schneider-Weizmann de Pesquisa em Saúde da Criança e do Adulto, parceria com o maior serviço de saúde de Israel, o grupo Clalit Health Services.
No Brasil
Todo mundo ficou em casa, mas se aproximar foi mais importante do que nunca.
Os Amigos do Weizmann participaram de diversas atividades virtuais que tiveram início quando a Profa. Regina P. Markus, Vice-Presidente do grupo e professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e o Prof. Luiz Vicente Rizzo, Diretor Superintendente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, ofereceram um panorama sobre como a ciência estava atuando e responderam a dúvidas do grupo.
Em um outro encontro virtual, o Vice-Presidente do Instituto Weizmann de Ciências, Prof. Roee Ozeri, trouxe uma atualização sobre como os cientistas perceberam e atuaram de forma imediata onde a sua expertise podia fazer diferença. Mas adaptabilidade e resiliência não são nada sem solidariedade e muitos projetos internacionais foram pensados para que as colaborações fossem não apenas rápidas e eficientes, mas sob o modelo de ciência aberta, o que significa sem patentes nem royalties. Em outra oportunidade foi possível ouvir sobre a situação da pandemia na voz do próprio Prof. Gabi Barbash, diretor Emérito do Ministério da Saúde de Israel e do Programa Bench to Bedside do Instituto Weizmann de Ciências.
Mesmo sem colocar o pé em Israel, foi possível fazer vários tours virtuais pelo Instituto Weizmann de Ciências com os próprios cientistas dando as boas-vindas e mostrando alguns dos laboratórios especiais.
Do lado dos homens e mulheres de ciência, a distância nunca foi um empecilho. Ainda que distantes a dez mil quilômetros, três grupos de pesquisadores do Brasil e de Israel foram selecionados no segundo edital do programa Weizmann – FAPESP, que teve parceria com Instituto Serrapilheira, para trabalharem juntos. E depois do distanciamento físico imposto ainda no Brasil e de uma quarentena de 14 dias, Camila Pinto da Cunha, a cientista que conquistou a primeira bolsa de pós-doutorado exclusiva para brasileiros The Paulo Pinheiro de Andrade Fellowship, já está trabalhando no campus.
Outros foram e voltaram. Como Gabriela S. Kinker, que fez o doutorado no Instituto de Biociências da USP mas realizou no Weizmann um estudo com tecnologia de ponta ainda pouco utilizada no Brasil. Assim, a equipe internacional conseguiu identificar potenciais barreiras ao sucesso no tratamento contra o câncer e que promete revolucionar a forma como se estudam os tumores. Retornou também, logo antes das fronteiras fecharem, a Profa. Ana Claudia Trocoli Torrecilhas, que esteve no Weizmann três meses como parte de um programa de estímulo a internacionalização das instituições de Ensino Superior brasileiras (Programa Institucional de Internacionalização – PrInt). A Profa. Ana Claudia, professora associada na UNIFESP, agora fala de Israel com paixão. A nação Startup mudou a sua cabeça: “Ao lado do Instituto Weizmann há um prédio inteiro de startups de área biológica. Fiquei impressionada. Para os cientistas brasileiros, fazer co-working com startups de Israel poderia ter um desdobramento muito positivo”.
Outros brasileiros permaneceram em Israel, mas não por isso estão longe. Desde Rehovot, o doutorando Rafael Stern participou do Weizmann Live Talks com o tema “Florestas: uma solução climática?” e o pós doutorando Emilio Tarcitano foi um embaixador do Weizmann no bate-papo organizado pela Associação dos pós graduandos do IVB USP falando do tema: “Oportunidades e desafios na vida acadêmica”.
Em novembro, em uma janela de oportunidade quando a curva de contágio estava em queda tanto em Israel quanto no Brasil, Dany Schmit, CEO para América Latina do Weizmann, veio de Israel para São Paulo. Cercado de todas as medidas protetivas, foi possível por alguns dias vivenciar o reencontro com amigos e o trabalho lado a lado num planejamento de atividades e projetos que nos desafiam ainda mais nesse cenário onde é preciso se reinventar.
A ciência é urgente, não espera e não pode parar.
Na mídia
Como é habitual, as pesquisas do Instituto Weizmann de Ciências tiveram este ano bastante divulgação na mídia brasileira e não apenas pelos avanços relacionados a covid-19 que marcaram o noticiário. Nas últimas semanas do ano, por exemplo, ao tempo que Jornal do Brasil informava que cientistas do Weizmann descobriram que no pico da infecção pelo vírus SARS Co-V2 um doente pode transportar com ele até cem bilhões de partículas virais, o jornal Folha de São Paulo e a revista Veja noticiavam uma pesquisa do Prof. Ron Milo que aponta que o total de objetos construídos pela humanidade acaba de superar, pela primeira vez, a massa somada de formas de vida na Terra.
Cuidando do Futuro
Fato inédito em 52 anos, a participação na Escola de Verão (Dr. Bessie Lawrence International Summer Science Institute -ISSI) não foi presencial. Mas mesmo sem viajar, os selecionados pela Banca examinadora dos Amigos do Weizmann, Júlia Oscar Destro
(Osório – RS), João Pedro Torres (São Paulo – SP), Lúcio L. F. Neto (Belo Horizonte – MG) e Gabriella Arienne (Mesquita – RJ) tiveram a oportunidade de conhecer melhor o Instituto. Foram organizados para eles seminários online e sessões de breakout virtual. Os jovens participaram de um projeto de pesquisa e seis alumni brasileiros da Escola de Verão, entre eles a renomada Prof. Alicia Kowaltowski, atuaram de mentores. Assim, como os mais de 80 bolsistas anteriores, eles criaram laços com estudantes e cientistas do
Weizmann e dos outros países.
Ser alumni é fazer parte da família Weizmann para sempre. Compartilhamos com eles as alegrias e ficamos felizes de ver nossa ex-bolsista da Escola de Verão do Weizmann 2018, Maria Vitória Valoto, ser escolhida entre os vinte brasileiros perfilados em um especial de VEJA “20 jovens brasileiros para acompanhar”.
Mas os jovens cientistas do futuro não precisam ter passado pelo campus para estar no nosso foco. Este ano o Instituto Davidson de Educação Científica, braço educacional do Weizmann, lançou um novo site: Stuck at Home?, disponível em inglês, que oferece um
conjunto de atividades de ciência digital para toda a família e o programa gratuito Window to the future, que promoveu ao longo de 5 domingos encontros entre alunos de 14 a 18 anos do mundo todo e os principais cientistas do Weizmann. Mais de 60 estudantes
brasileiros participaram dos encontros!
A reunião anual do International Board aconteceu como sempre no mês de novembro. As apresentações das iniciativas científicas com maior impacto potencial na humanidade e o
reconhecimento de figuras inspiradoras não acontece presencialmente no campus, mas foi seguido no mundo todo de forma virtual. Foram apresentadas três iniciativas de projetos tão audaciosos quanto necessários e urgentes no cenário científico mundial, em Inteligência Artificial, em Neurociências (a criação do Institute for Brain and Neural Sciences), e o Projeto Frontiers of the Universe, que lançarão o Weizmann em uma odisseia em direção ao futuro da neurociência e da física, respectivamente.
O acúmulo mundial de conhecimento em torno do coronavírus, ao lado das descobertas derivadas dos projetos de pesquisa relacionados ao coronavírus no Instituto já está incrementando nossa compreensão geral das doenças infecciosas e do sistema imunológico. É o futuro Institute for Infectious Disease Research do Instituto Weizmann de Ciências integrará insights dessas investigações e avançará em pesquisas de outros vírus transmitidos por animais e os desafios adicionais como a resistência
a antibióticos.
2020 não foi um ano fácil, exigiu adaptabilidade, resiliência, solidariedade. Os cientistas do Weizmann trabalharam com excelência trazendo grandes avanços para enfrentar o novo coronavírus sem descuidar da pesquisa básica e fundamental, fazendo mais perguntas e procurando as respostas para as grandes questões científicas que movem as fronteiras do conhecimento – tudo isso para tornar nossa vida mais sustentável, longa, com qualidade, facilidade e saúde.
Em meio a todos estes desafios, nos dá muita satisfação saber que estivemos juntos! Que venha #2021.